Na literatura bíblica, os montes são sempre associados ao lugar de encontro com Deus. Podemos citar, no Antigo Testamento, Moisés, que sobe o monte Sinai e recebe as tábuas da lei, e, no Novo Testamento, por exemplo, o sermão da montanha.
Nessa passagem bíblica da transfiguração, Jesus sobe ao monte com seus discípulos e revela-se glorioso, tal qual Ele é na sua identidade mais profunda, ao lado de Moisés e Elias, que aqui representam respectivamente a Lei e as profecias. Ambos atestam que todo o Antigo Testamento, a vinda do Rei Messiânico, se cumpre em Jesus e que Ele é verdadeiramente Deus.
Perceba que Jesus convida seus discípulos Pedro, João e Tiago para subirem com Ele ao monte. Mas por que esses três discípulos estavam lá? São Tomás de Aquino nos explica: Pedro estava lá porque era quem mais amava Jesus, João estava lá porque era o discípulo amado por Jesus, e Tiago foi o primeiro mártir da Igreja, ou seja, o primeiro discípulo a dar a vida por Jesus e por seu Reino.
Nessa Festa da Transfiguração, que a Igreja nos propõe, devemos abrir nossos corações e refletir por que isso é importante para nós nos dias atuais. A resposta é que todos nós somos convidados por Jesus, individualmente e de maneira especial, a subir com ele para o monte, o qual atualmente chamamos de Santa Missa. É onde vamos nos encontrar com Deus e onde Deus vem ao nosso encontro. Na missa, escutamos as leis e profecias de Deus apresentadas no Antigo Testamento e participamos do milagre da transubstanciação do pão e do vinho, que se tornam corpo e sangue de Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, conforme revelado. Há dois mil anos, a Igreja vem fazendo isso, e os primeiros a atualizar esse acontecimento foram os discípulos e, em seguida, suas comunidades, para que hoje pudéssemos participar da Eucaristia.
Nesta festa, o que Jesus nos pede é que o amemos sobre todas as coisas como Pedro, que permitamos ser amados por Ele como João, e entreguemos nossa vida a Ele, trabalhando pelo Reino dos Céus como Tiago. E assim como os discípulos, desçamos do monte fortalecidos, com a fé firme e renovada, reconhecendo nossa missão, que começa ao final da missa, para que o Reino dos Céus chegue a todos, como chegou a nós.
Laís Borges
Equipe de Redação PASCOM