O termo Liturgia tem origem no grego e quer dizer “ação pública”. Usada na antiguidade para designar o que se fazia em favor do povo em termos de política, economia etc. No antigo testamento valiam-se do termo para indicar os serviços dos Levitas no templo, por exemplo os sacrifícios oferecidos a Deus. No Novo Testamento, aparece poucas vezes e, também, se refere às ações públicas englobando as atividades religiosas.
Na tradição cristã, o termo Liturgia quer dizer “o povo de Deus toma parte na obra de Deus”, ou seja, através da Liturgia Cristo nosso Redentor e Sumo-Sacerdote continua, na sua Igreja, com ela e por ela, a obra da nossa redenção. Ele se revela, faz conhecer seu projeto, estabelece comunicação conosco (CIC 1069).
A partir do Concilio do Vaticano II (CVII), a Igreja passou por grandes reformas, o que incluiu a celebração litúrgica: antes celebrava-se de modo que os fiéis eram meros expectadores, as orações e ritos eram ditos em latim, o sacerdote celebrava praticamente sozinho, pois a maioria do povo não conseguia acompanhar a celebração, faziam suas orações de modo particular, o que, de certa forma, acabou colaborando para que devoções populares crescessem significativamente distanciando o povo do verdadeiro sentido da Liturgia que sempre teve como centralidade o Mistério Salvífico em Jesus Cristo.
Um dos pontos mais importantes da reforma, foi a permissão dada pelo CVII do uso da língua vernácula, ou seja, cada nação podendo celebrar na sua própria língua, dessa forma todos os fiéis passam a ser celebrantes na Ação Litúrgica: tomam parte no acontecimento salvífico que é celebrado. Outro ponto importante foi a atualização do Ano e Calendário Litúrgico. A Constituição Sacrosanctum Concilium (documento sobre a reforma litúrgica), resgatou o sentido teológico-litúrgico do domingo reafirmando ser ele a Páscoa Semanal, fundamento e núcleo do Ano Litúrgico, este tem seu início no primeiro domingo do advento e termina com a Solenidade de Cristo Rei, está divido em três ciclos assim apresentados: Anos A, B e C onde meditamos os chamados evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas, respectivamente. O Evangelho de João é reservado às festas, solenidades e ocasiões especiais. A cada ano, comemora-se a Páscoa do Senhor, porém, como vimos anteriormente, a reforma Litúrgica trouxe de volta o caráter primordial do domingo que se destaca no tempo comum como dia memorial da Páscoa do Senhor. Para que esse dia especial (domingo) seja frutuoso e a nossa participação seja plena, a Igreja propôs, então, o atual Calendário Litúrgico, que de forma pedagógica divide o Ano (litúrgico) em ciclos que traçam a história da salvação de forma que, participando das celebrações dominicais, possamos tomar parte da obra salvífica de Deus alcançada em Jesus Cristo, cuja Páscoa fazemos memória a cada domingo e mais solenemente na Páscoa anual de onde partem todos os outros ciclos, fundindo-se assim o tempo oportuno, o tempo de Deus, ao nosso cotidiano.
Márcia Pires
Equipe de Formação